O Sul do Piauí tem se consolidado como uma das regiões mais promissoras do agronegócio brasileiro. Com clima favorável, vastas áreas agricultáveis e posição estratégica no coração do MATOPIBA, a região vem apresentando crescimento expressivo na produção de grãos, especialmente soja, milho e algodão. No entanto, para que essa riqueza se traduza em desenvolvimento regional sustentável, é fundamental fomentar a agroindústria, agregando valor à produção primária e gerando oportunidades locais.
1. Da produção ao valor agregado
Enquanto o setor primário impulsiona o PIB agropecuário, a agroindústria tem o poder de reter riqueza na própria região. Quando os produtos são industrializados localmente — transformando o milho em ração, a soja em óleo, ou o leite em derivados — há multiplicação de renda, geração de empregos e fortalecimento das cadeias produtivas locais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2024), a agroindústria responde por cerca de 25% do PIB nacional e emprega milhões de brasileiros. No contexto do Piauí, os dados do Plano de Desenvolvimento do Matopiba indicam que a industrialização agropecuária ainda é incipiente, representando uma oportunidade concreta de expansão econômica.
2. Base legal e incentivos existentes
A Constituição Federal, em seu artigo 170, determina que a ordem econômica deve se fundamentar na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com vistas à justiça social. Dentro desse marco, fomentar a agroindústria é uma forma de viabilizar a função social da economia e democratizar o acesso ao desenvolvimento.
A legislação brasileira oferece importantes mecanismos de incentivo: Lei nº 8.171/1991 – Política Agrícola Nacional; Lei nº 11.326/2006 – Agricultura Familiar e Empreendedorismo Rural; Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF Agroindústria); Fundos Estaduais de Desenvolvimento Industrial e Agroindustrial, como o FUNDES-PI.
3. Desenvolvimento regional e sustentabilidade
O incentivo à agroindústria é também um instrumento de sustentabilidade econômica e ambiental. A transformação local dos produtos reduz custos logísticos e emissões de carbono, além de permitir o aproveitamento de resíduos agrícolas para a produção de biogás, compostagem e energia limpa. O Banco do Nordeste (BNB) e o BNDES têm ampliado linhas de crédito voltadas à agroindustrialização sustentável, e o Sul do Piauí reúne as condições ideais para aproveitar esses financiamentos. Municípios como Bom Jesus, Uruçuí, Corrente, Gilbués e Sebastião Leal podem se tornar polos de inovação agroindustrial, impulsionando a diversificação da economia regional.
4. O papel do poder público e da sociedade
O desenvolvimento da agroindústria no Sul do Piauí depende da integração entre governo, iniciativa privada e sociedade civil. Cabe ao poder público investir em infraestrutura logística, energia, capacitação técnica e fiscalização sanitária eficiente, para viabilizar a instalação e a competitividade das indústrias regionais. À sociedade, por sua vez, cabe compreender que o fortalecimento da agroindústria é mais do que uma pauta econômica — é uma estratégia de inclusão social e permanência das famílias no campo.
5. Conclusão: transformar potencial em prosperidade
O Sul do Piauí possui terras férteis, empreendedorismo rural e crescente protagonismo nacional. O próximo passo é transformar esse potencial agrícola em poder industrial. Fomentar a agroindústria é criar as bases para um desenvolvimento duradouro, justo e descentralizado, ao tempo em que propiciará um novo ciclo de desenvolvimento para tão próspera região.
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