Entidades e profissionais da área da Saúde protestam, na manhã desta quinta-feira (18), em frente ao Palácio de Karnak, contra o processo de nova forma de gestão dos hospitais do Estado. Para eles, essa é uma forma de privatizar os hospitais e fragilizar o Sistema Único de Saúde (SUS).
O Governo do Piauí estuda transferir a administração de três hospitais estaduais a uma Organização Social (OS), que é um título concedido pelo poder público a uma associação ou fundação de natureza jurídica privada.
A proposta contempla o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba; o Hospital Regional de Campo Maior; e o Hospital do Mocambinho, em Teresina.
Em abril de 2023, quando o assunto surgiu, o secretário de Saúde, Antônio Luiz, negou que o serviço será privatizado e defendeu que a mudança na gestão deve melhorar o atendimento nas unidades. O Governo do Estado já instalou uma comissão para acompanhar o processo.
A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde Pública do Piauí (SINDESPI), Geane Sousa, comenta que o Governo do Estado não acompanha a recomendação do Conselho Estadual de Saúde, que não concorda com essa nova forma de gestão dos hospitais públicos.
“Essa manifestação é contra a privatização dos hospitais públicos, contra esse governo que não dá reajuste para os trabalhadores da saúde. Nós estamos sem reajuste, sem plano de carreira, sem condições de trabalho. Tudo o que for privatizado, seja de saúde, precisa passar pelo Conselho Estadual de Saúde. E não está passando, eles (do Governo Estadual), só comunicam”, disse Geane Sousa.
Lúcia Santos, presidente do sindicato dos Médicos, afirma que o SUS é do povo e, por isso, deve sempre ser valorizado.
“Aqui estão todos os profissionais de saúde, o Conselho Estadual de Saúde. Nós somos contra a privatização, contra a precarização do SUS, mais de 80% dos piauienses dependem do SUS. A gente sabe que a privatização, que já aconteceu em outros estados, reduziu muito a qualidade. O SUS é do povo”.
Organização social
O governador Rafael Fonteles (PT-PI) defendeu o novo modelo de gestão e citou como principal exemplo a gestão do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), na zona Sul de Teresina, que é gerido por uma organização social. A nova maternidade, na zona Leste, também será contemplada com o projeto.
“Eu recebi uma lista dos 40 melhores hospitais do Brasil e 39 são geridos por organizações sociais. Aqui no Piauí, você tem o exemplo claro da sociedade que é o CEIR. Ele é gerido pela organização social Reabilitar. Todo mundo sabe o padrão de qualidade que temos no CEIR. A nossa ideia é avançar inicialmente com três hospitais além da nova maternidade, que também já está sob a gestão da associação Reabilitar”, destacou.
“Entendemos as manifestações contrárias, fazem parte da democracia. Mas estamos convictos de que esse é o caminho que vai melhorar muito a qualidade do atendimento ao usuário do SUS e não irá prejudicar nenhum profissional”, completou

Mudanças anteriores
Geane Sousa lembra que a mesma atitude que envolve a transferência dos três hospitais (de Parnaíba, de Campo Maior e o do Mocambinho) aconteceu com a Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, referência do atendimento de alta complexidade no estado.
“A Maternidade Dona Evangelina Rosa foi do mesmo jeito. Eles comunicaram e, simplesmente, três dias depois tivemos a audiência pública, o Conselho foi contra, Ministério Público foi contra, inclusive tem uma ação correndo contra a privatização da maternidade. No entanto, foi publicada pela governadora (na época) Regina Sousa. Agora, do mesmo jeito”.
Deixe sua opinião: