Mesmo com o avanço da mobilização no Senado para o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, nomes de peso do Centrão continuam fora da lista de apoio. Entre eles, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro e presidente nacional do Progressistas (PP), é uma das ausências mais notadas por ser uma grande liderança do Centrão.
A oposição aumentou a pressão para que o impeachment seja pautado, mas ainda não tem os votos necessários para que ele seja protocolado (41 votos) ou aprovado (54 votos). Mesmo que a oposição alcance os apoios necessários, ainda dependerá do presidente de Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), para pautar e dar andamento à tramitação do pedido de impeachment.
Apesar de ter sido ministro de Bolsonaro e de manter discurso crítico ao STF nas redes sociais, Ciro Nogueira não assinou e nem pretende assinar o pedido de impeachment por ora. Nos bastidores, interlocutores apontam que ele “não entra em briga que sabe que vai perder”.
Porém, existe também a possibilidade de que Nogueira não queira perder o canal com Moraes, tendo em vista que o próprio senador mediou o último encontro secreto entre o ministro e Bolsonaro, além de ter conseguido autorização para visitar o ex-presidente, antes de outros apoiadores.
Em entrevista à imprensa, nesta quarta (6), Ciro Nogueira afirmou que o pedido não tem o número de votos necessários para ser aprovado e por isso ele prefere se abster. “Sinceramente só entro em impeachment quando puder acontecer, como foi o caso da Dilma. O Congresso não tem 54 senadores para aprovar um impeachment”, disse.
De acordo com o ex-ministro, “mesmo que houvesse 80 assinaturas, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não abriria o processo”. Sem o apoio do presidente do Senado, o andamento do impeachment é politicamente inviável.
O posicionamento de Nogueira gerou críticas do pastor Silas Malafaia nas redes sociais, com uma troca de farpas entre os dois no X. Malafaia acusou o parlamentar de ser um "traidor" e de fazer jogo político, já o senador respondeu que na democracia é a vontade da maioria que conta e que é preciso ter responsabilidade para construir resultados.
Nos bastidores do Congresso, o que se ouve é que um cenário de eventual derrota na votação do plenário consolidaria a blindagem política de Moraes e ainda criaria um precedente perigoso: o de que a tentativa de impeachment foi rejeitada com o respaldo da maioria. Isso poderia esvaziar pedidos futuros - mesmo em uma próxima legislatura - ao fortalecer o argumento de que o Senado já decidiu sobre o mérito. Além disso, um revés agora poderia desmobilizar a base conservadora, desmoralizar os proponentes e enfraquecer outras frentes de contenção ao ativismo judicial, como a PEC do fim do foro privilegiado.
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