As quase duas toneladas de barbatana de tubarão apreendidas em Parnaíba estão avaliadas em mais de R$ 31 milhões. A informação foi confirmada ao Cidadeverde.com pelo procurador Saulo Linhares, do Ministério Público Federal (MPF), na tarde desta sexta-feira (26). O procurador informou ainda que há indicios de existência de organização criminosa. Diante disso, a Justiça Federal determinou a prisão preventiva dos dois chineses detidos com a mercadoria.
Em entrevista ao Jornal do Piauí nesta sexta-feira (26), a bióloga Geórgia Aragão alertou para o impacto ambiental do contrabando de barbatanas de tubarões, Ela explica que esse produto movimenta cifras milionárias no mercado asiático e está associada a status social e riqueza em alguns países e que o preço do quilo pode passar dos R$ 16 mil.
"O principal mercado das barbatanas de tubarões é o mercado ortiental, principalmente os chineses, que consomem a famosa sopa da barbatana de tubarão, que lá eles chamam de sopa ostentação porque quem consome essa sopa são pessoas com alto nível social. Ela indica status social, riqueza, por isso ela tem esse valor bem alto. Para você ter noção, 1 kg de barbatana de tubarão pode chegar a 3 mil dólares”, disse.
Além das barbatanas de tubarão, a Polícia Federal (PF) encontrou cavalos-marinhos dentro de uma casa no litoral piauiense. Vídeos obtidos pelo Cidadeverde.com mostram diversas caixas de papelão, sacolas e reservatórios de plástico cheios de barbatanas de tubarão no quintal da residência. A suspeita é que o material seria contrabandeado por dois chineses, que foram presos e seguem detidos.
No Brasil, a captura e o comércio de barbatanas de tubarão são proibidos pela legislação ambiental. A prática é considerada crime, já que ameaça diretamente a sobrevivência de espécies marinhas e desequilibra os ecossistemas costeiros. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fiscaliza e aplica sanções contra quem comercializa, transporta ou mantém esse tipo de material.
Além da legislação nacional, o Brasil é signatário de acordos internacionais que combatem o chamado finning, prática em que as barbatanas são retiradas e o animal devolvido ao mar ainda vivo, onde morre de forma lenta. A atividade é condenada por organizações ambientais em todo o mundo por ser uma das principais causas da redução drástica da população de tubarões.
“A principal técnica de retirada da barbatana de tubarão é chamada de finning, que basicamente consiste em pegar o tubarão vivo, cortar a barbatana, e devolver o tubarão vivo ao mar. Só que o tubarão sem a barbatana não consegue nadar, perde totalmente a estabilidade e afunda. Para o tubarão sobreviver, ele precisa estar em movimento constante, ele depende da circulação de água no seu corpo. Com certeza esse tubarão vai morrer", disse a bióloga.
De acordo com a PF, as barbatanas de tubarão e os cavalos marinhos apreendidos em Parnaíba provavelmente seriam enviadas para São Paulo. Aragão alerta que a caça desses animais pode afetar não apenas o ecossistema marinho, mas o meio ambiente como um todo e o próprio ser humano.
“Os tubarões comem os resíduos, retiram os excessos de carcaças de outros animais que morrem no meio ambiente. Cada animal tem uma função ecológica. Qualquer animal que retiramos em excesso do meio ambiente, vai ter um impacto significativo na cadeia alimentar e impactos ecológicos, que podem chegar ao seres humanos quando a gente trata de cadeia produtiva”, concluiu a especialista.
Fonte: cidade verde
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