A seca extrema segue avançando no Piauí. Conforme dados do boletim mensal Monitor de Secas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recurso Hídricos (Semarh), um total de 116 municípios sofreram com perdas significativas de pastagem, produção agrícola e escassez generalizada de água no último mês de setembro.
De acordo com a climatologista Sara Cardoso, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o problema afeta principalmente a região Sudeste do estado devido a uma série de fatores climáticos. Segundo ela, a situação ainda é uma repercussão dos efeitos do El Niño que iniciou em dezembro de 2022.
“Ele influenciou nas últimas estações chuvosas, apesar de ter voltado à neutralidade em 2024. Essas duas estações chuvosas foram impactantes negativamente para a produção agrícola e também para os grandes reservatórios, que não conseguiram encher e por isso a seca esse ano se tornou mais intensa nesse período de estiagem”, afirmou.
Além disso, a especialista explicou que esses municípios afetados pela seca extrema estão localizados em uma área situada em uma zona de transição entre a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), dois grandes sistemas responsáveis pelas chuvas no país.
“Já é uma área propícia à seca, porque esses dois sistemas não alcançam com toda a sua amplitude essas regiões”, ressaltou a pesquisadora, que também ressaltou as mudanças nos padrões das chuvas no agravamento da estiagem. “Essas variabilidades climáticas impactam diretamente as chuvas e intensificam a seca nessas áreas”, afirmou.
Por fim, a climatologista destaca que o cenário atual já era esperado, considerando a sequência de anos de pouca chuva e o enfraquecimento dos sistemas que costumam trazer umidade para o estado. “Se no ano passado já enfrentamos uma seca grave, havia grande probabilidade de que neste ano, durante o período de estiagem, a situação se agravasse, e isso se confirmou”, concluiu.
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