terça-feira, 23 de setembro de 2025 | Redação

PEC da Blindagem é para proteger bandido, não parlamentar, diz relator Alessandro Vieira

Relator da PEC no Senado rejeita ideia de Ciro Nogueira de restringir proteção a "crimes de opinião"

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  • Alessandro Vieira, relator da PEC da Blindagem, criticou a medida, dizendo que foi feita para "proteger bandido".
  • A proposta visa dificultar processos contra deputados e senadores.
  • Ciro Nogueira sugeriu um substitutivo, limitando a blindagem a "crimes de opinião".
  • Vieira refutou, destacando que não existem "crimes de opinião" na legislação brasileira.
  • Vieira frisou que a Constituição já garante liberdade de expressão aos parlamentares.
  • Ele associou a rápida aprovação na Câmara a um "medo da cadeia" e busca por impunidade.
  • Críticas também ao papel dos presidentes de partido, que manipulam grandes quantias e são investigados.
  • Embora contrário, Vieira avaliará o substitutivo de Nogueira.
  • O debate revela dificuldades para a aprovação da PEC no Senado.
(Foto: reprodução) PEC da Blindagem é para proteger bandido, não parlamentar, diz relator Alessandro Vieira
Alessandro Vieira contesta ideia de Ciro Nogueira

Em um duro contraponto, o relator da PEC da Blindagem no Senado, Alessandro Vieira (MDB-CE), afirmou nesta segunda-feira (22) que a medida foi "desenhada para proteger bandido" e rejeitou a ideia de aperfeiçoamento apresentada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI). A proposta, que enfrenta forte resistência, busca dificultar processos contra deputados e senadores.

A declaração do relator foi uma resposta direta à manobra política de Ciro Nogueira, que anunciou a intenção de apresentar um substitutivo para tentar salvar o projeto. Nogueira propôs restringir a blindagem conferida pela PEC apenas a supostos "crimes de opinião", alegando que isso protegeria as prerrogativas dos parlamentares no exercício do mandato.

Vieira, no entanto, foi taxativo ao rebater o argumento. "São discursos e narrativas para tentar esconder o que está muito claro e muito óbvio. É uma PEC que foi desenhada para proteger bandido. Para proteger parlamentar que está sendo investigado, porque roubou dinheiro público ou cometeu outros crimes mais graves", declarou o relator em entrevista à GloboNews.

Inexistência de "crime de opinião"

O ponto central da crítica de Vieira é a inviabilidade jurídica da proposta de Nogueira. O relator destacou que a legislação penal brasileira não reconhece a figura do "crime de opinião". "Ciro sabe disso, ele foi da mesa do Senado e sabe disso", afirmou. Vieira avaliou que, possivelmente, Nogueira se referia a crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria, mas ressaltou: "Para ser parlamentar, você não precisa fazer isso. Não precisa ofender ninguém".

O relator deixou claro que tende a rejeitar a sugestão, pois a liberdade de expressão dos parlamentares já é plenamente garantida pela Constituição Federal. "A Constituição já faz isso", declarou, enfatizando que a PEC em discussão vai muito além, protegendo investigados por crimes mais graves.

"Medo da cadeia" e impunidade

Alessandro Vieira também vinculou a aprovação rápida da PEC na Câmara dos Deputados ao que chamou de "busca por impunidade" e "medo da cadeia". Ele criticou a inclusão dos presidentes de partidos no texto, aprovado pelos deputados. "Hoje, os presidentes de partido manipulam valores astronômicos e você tem, pelo menos, dois ou três presidentes de partido que são alvo de investigações com boa base probatória, me parece", argumentou.

Apesar da firme posição contrária, o relator informou que analisará o texto substitutivo que será formalmente apresentado por Ciro Nogueira. O embate entre os senadores evidencia a dificuldade que os defensores da PEC da Blindagem enfrentam para conseguir os votos necessários para sua aprovação no Senado.

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