Vinicius Junior desabafou nas redes sociais após ser vítima de racismo durante o jogo do Valencia contra o Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol. Ele foi chamado de “macaco” por parte da torcida presente no estádio Mestalla, neste domingo, e ainda foi expulso nos acréscimos da partida.
— Vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui — afirmou Vinicius Junior.
Logo após o jogo, o atacante do Real Madrid postou um story no Instagram com a seguinte mensagem.
– O prêmio que os racistas ganharam foi a minha expulsão! ‘Não é futebol, é LaLiga'” – disse o jogador, em referência ao slogan usado pela liga espanhola em campanhas publicitárias.
Minutos depois, Vinicius fez um post mais longo sobre o assunto. Pela primeira vez, deixou em aberto a possibilidade de deixar a Espanha por causa dos seguidos casos de racismo.
– Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui.
Na partida deste domingo, vencida pelo Valencia por 1 a 0, aos 24 minutos do segundo tempo, numa jogada pela esquerda, Vinicius Junior foi atrapalhado por uma segunda bola em campo (supostamente jogada pela torcida). O atacante do Real reclamou, e parte dos torcedores mais próximos o xingaram de “macaco” — algo que já tinha sido observado na partida.
De acordo com o técnico Carlo Ancelotti, Vinicius Junior não queria mais continuar jogando.
Vinicius puxou o árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea para denunciar um determinado torcedor. O árbitro então conversou com jogadores e com os técnicos dos dois times, além do quarto oficial.
O sistema de som do Mestalla emitiu dois avisos: um de que a partida tinha sido paralisada por causa desse episódio de racismo, e o segundo de que ela só voltaria caso os xingamentos e cânticos fossem encerrados.
Foram cerca de oito minutos entre o início da confusão da segunda bola em campo, passando pela denúncia de racismo, até a retomada do jogo.
O segundo tempo continuou, e por volta dos 48 minutos, começou mais uma confusão na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili partiu para cima de Vinicius Junior — ambos receberam cartão amarelo inicialmente —, e outros atletas foram envolvidos.

O brasileiro precisou ser escoltado por colegas de Real Madrid.
LaLiga tinha registrado até o fim de março oito reclamações na Justiça por racismo contra Vinicius Junior. A liga espanhola criou em fevereiro uma comissão específica para lidar com casos relacionados ao brasileiro.
Em nota divulgada após a partida deste domingo, LaLiga declarou que vai investigar os “incidentes” ocorridos no estádio Mestalla. A liga também informou que já solicitou todas as imagens disponíveis para investigar o caso e, caso necessário, vai tomar “todas as medidas cabíveis”.
O Valencia, por sua vez, emitiu comunicado condenando “qualquer tipo de insulto, ataque no futebol”. O clube se declarou contrário à violência física e verbal nos estádios e lamentou o ocorrido no jogo contra o Real Madrid. Porém, classificou o caso como “episódio isolado” e prometeu tomar “as medidas mais severas” após investigação. Além disso, condenou qualquer ofensa e pediu “respeito máximo” à sua torcida.
Fonte: Ge