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Produtores de soja repudiam declarações de deputado e falam em “segregacionismo”

Produtores de soja no Piauí se manifestaram após declarações do deputado estadual Ziza Carvalho (PT). Em um vídeo que circula pelas redes sociais, o parlamentar piauiense critica a cobrança dos empresários por melhorias na região, notadamente, em relação às estradas para escoamento da produção de milho e soja.

“Eu vejo muita gente reclamando de estrada do Sul que não escoa produção de soja, não escoa a produção de ricos produtores no Sul do estado. Agora, eu te pergunto: quantos piauienses estão produzindo ali? o que eles estão produzindo? eu conheço fazenda de 50 mil hectares de soja e milho. Eu conheço fazendas que têm aeroporto privado melhor do que os aeroporto públicos que a gente pousa em Teresina. Aí eles estão precisando de estrada?”, diz trecho do vídeo.

Ziza Carvalho também cria uma polaridade entre produtores do semiárido e do cerrado.

“Quantos Silvas estão produzindo aí? quantos Sousas?quantos Cruz? quantos Santos estão produzindo nessas lavouras? o governo tem que tá aqui no semiárido onde se produz mel, cria carneiro, onde tem galinha caipira. Aqui que estamos fazendo estradas, botando asfalto. Faça a sua estrada […] quem precisa de Governo é o povo […] vão trabalhar. Trabalhem e fiquem na sua!”, completa o deputado.

Para Alzir Pimentel Aguiar Neto, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Piauí (Aprosoja), a declaração do parlamentar foi infeliz e que os produtores “se sentem tão piauienses quanto quem nasceu aqui”.

“Foi infeliz, principalmente por ser uma pessoa pública! um segregacionismo que não existe. É tacanho colocar a região do cerrado contra o semiárido. Hoje, a cadeia de negócios do agro, que não é só o plantio, é quase 100% de piauienses. Nós somo quem menos recebe melhorias, mas a região que mais cresce e traz reflexo para todas as demais. Uma visão distoricda e restritiva”, desabafa Alzir Pimentel.

A Aprosoja também se manifestou por meio de nota pública: 

Nem Silva, nem Santos, nem Sousa, nem Carvalho…

Não há de fato muitos piauienses que plantam soja nos nossos cerrados, se de forma míope entendermos que piauiense é aquele que nasceu neste estado. Não houve interesse no cerrado por nenhum dos nativos que aqui passaram também. Os índios e seus ancestrais sequer repararam as pobres terras secas do cerrado. 

Desde os tempos pré-coloniais nunca houve maiores interesses no cerrado. Neste entendimento, os Silva, Santos, Sousa e Carvalhos, elite europeia vinda de Portugal que nasceram nestas terras também não tiveram este interesse em produzir.

Verdade que há uma certa vocação do povo sulista para tornar terras praticamente inférteis em solos de cultura. Mas a discussão míope que adorna este cenário é de uma flacidez estonteante. Justificar a falta de infraestrutura devido ao fato de a região crescer pelas mãos de “imigrantes”, que trouxeram  riquezas e criaram suas famílias nestes solos, é no mínimo desconhecer a história do próprio povo. 

Felizmente, nota-se que a classe política está compreendendo que a vocação do Brasil, do Piauí é o agro. Isso ficou muito evidente durante essa pandemia, já que o #agronaopara, ao contrário de alguns mandatários que, eleitos pelo povo, deveriam trabalhar pelo povo e pelo seu estado, mas preferiram se isolar e, enebriados, expõem uma visão pequena que, nem de longe, reflete a grandeza do Estado do Piauí, que é acolhedor e cresce, ao padrão chinês, graças ao agro.

Imigrantes sempre foram estigmatizados mundo a fora. E as figuras mais preconceituosas os marginalizam. Mas a grandeza deste povo que vem e enfrenta as dificuldades de abrir um novo começo e propiciar aos antes pobres municípios, hoje serem os municípios mais ricos do estado com o menor investimento público.
Lamentável a visão tacanha de alguns. Temos certeza que não representa a visão da maioria. 

Viva o agro piauiense, viva seu povo e sua ousadia. Poderíamos em números rápidos mostrar o que estes
“forasteiros” colocam nas mesas de todos sejam brasileiros ou chinesas. A soja que alimenta os rebanhos, que produz o óleo, que faz a maionese, que gera o biocombustível, que muda rotas, que engorda o gado, o frango, suíno e peixe. São mais 2,6 milhões de toneladas, que multiplicam riquezas e movimentam a economia. Que permite uma mercearia no interior do Piauí vender mais, e contratar mais pessoas, que permite um piauiense do semiárido comprar um milho mais barato e um pernambucano servir um prato feito para um caminhoneiro paraibano que leva uma carrada de farelo de soja para a granja no seu estado tudo isto sem preconceito. Viva o agro piauiense. Viva a diversidade!

Após a repercussão do vídeo e os questionamentos feitos por produtores da região sul, o deputado Ziza Carvalho (PT) divulgou uma nota de esclarecimento em que afirma reconhecer a importância do agronegócio e diz que as imagens foram gravadas para um grupo privado, em momento de descontração.

Confira a íntegra da nota do deputado:

Em virtude da grande repercussão que teve o vídeo postado em um grupo de WhatsApp, feito, em momento de descontração, entre amigos, em conversa informal entre os integrantes do grupo, e que, em determinado momento, fez menção às rodovias estaduais, reforço que quis tão somente reforçar a importância de se por em discussão, também, a atuação dos produtores da região do semiárido piauiense, rica em importantes arranjos produtivos, como a produção de mel orgânico, a ovinocaprinocultura, bem como a criação de galinha caipira de canela preta.

Muitas vezes os governantes precisam fazer escolhas temporárias para a implementação de políticas públicas. A intenção não foi em nenhum momento desmerecer ou ofender os produtores do cerrado piauiense.

É indiscutível a importância do agronegócio nos cerrados para o desenvolvimento do Estado, bem como são bem-vindos todos os que aqui vieram desbravar e empreender.

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