quinta-feira, 18 de setembro de 2025 | Ronilton Leal

PEC da Blindagem expõe união de direita e esquerda em torno de interesses próprios

Como diz o ditado popular: "Eis o X da Questão".

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  • A PEC da Blindagem uniu direita e esquerda no Congresso para proteger mandatos de parlamentares.
  • A proposta dá 90 dias para análise de pedidos judiciais contra parlamentares, dificultando investigações.
  • Grandes partidos mostraram forte apoio, como PL, Republicanos, PP, União Brasil e MDB.
  • Partidos como PSB e PSD tiveram divisões internas significativas.
  • O PT foi o que mais votou contra a PEC.
  • A votação sugere que interesses pessoais e corporativos superaram o compromisso com transparência e justiça.
  • A aprovação ilustra a união de rivais políticos quando seus poderes estão em risco.
Foto: Kayo Magalhaes/ND PEC da Blindagem expõe união de direita e esquerda em torno de interesses próprios
Após aprovação em dois turnos na Câmara, a PEC da blindagem segue para o Senado – Foto: Kayo Magalhaes/ND

A votação da chamada PEC da Blindagem revelou um raro alinhamento entre direita e esquerda no Congresso Nacional – e não por uma causa popular. Ao contrário, a aprovação da proposta mostra que, quando o assunto é proteger os próprios mandatos, as diferenças ideológicas desaparecem.

A PEC estabelece que Câmara e Senado terão até 90 dias para analisar os pedidos da Justiça para iniciar um processo contra parlamentares acusados de crimes. Atualmente, o Judiciário tem autonomia para dar andamento a ações contra deputados e senadores. Na prática, a medida representa mais uma barreira contra o avanço de investigações, ampliando o escudo de proteção sobre a classe política.

Os números mostram como a base parlamentar se uniu. Do PL, 82 deputados foram favoráveis. O PRD aprovou por unanimidade. No Republicanos, 43 votos pelo “sim”. No Progressistas (PP), 45 favoráveis e apenas três contrários. O União Brasil registrou 52 votos a favor e cinco contra. O MDB também aprovou majoritariamente: 32 sim e cinco não. O Avante teve seis votos positivos e um negativo. O Podemos registrou 14 sim e três não.

Entre os partidos que tiveram maior divisão interna, o PSB de Geraldo Alckmin ficou em 9 a 6, e o PSD registrou 24 a 18. Três partidos terminaram com empate: Solidariedade (2 a 2), PSDB (6 a 6) e PV (2 a 2). Já o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a legenda que mais rejeitou a PEC, com 50 votos contrários e 10 favoráveis.

O resultado escancara que, em muitos casos, os interesses individuais e corporativos falaram mais alto do que o compromisso com a transparência e a justiça. Parlamentares que costumam se apresentar como antagonistas, neste caso, caminharam juntos para blindar a si mesmos de futuras ações judiciais.

No fim, o eleitor se vê diante de um Congresso que parece se unir apenas quando há uma ameaça ao próprio poder. Como diz o ditado popular: “Eis o X da Questão.”

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