O município de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, terá o maior monumento sanfona do mundo. A obra será inaugurada no dia 20 de setembro durante o Festival da Sanfona, evento que vai se consagrar no calendário festivo anual de Dom Inocêncio.
O idealizador de tudo isso é Sandro Dias de Sousa, mais conhecido como ‘Sandrinho do Acordeon’, o sanfoneiro que está mudando a realidade da região. Ele coordena a Associação Cultural Acordes do Campestre, que ensina, gratuitamente, mais de 200 crianças a tocarem instrumentos musicais em Dom Inocêncio e na vizinha cidade de São Raimundo Nonato.
A Associação foi criada em 2011 e foi a partir dela que foi construída a maior sanfona do mundo, na Praça Monumento Sanfona, a cerca de 3 km de Dom Inocêncio. São 5 metros de altura construídos com recursos arrecadados pela associação, Sandrinho e amigos. De acordo com Sandrinho, não houve ajuda por parte das autoridades. A obra foi iniciada em julho deste ano e já está na fase de pintura, tendo sido o projeto arquitetado por Wanderson Moura e construído pelo artesão João Dias.
“A cada 35 habitantes, pelo menos 1 é sanfoneiro, parece que está no sangue “, conta Sandrinho que vê na inauguração do monumento uma oportunidade para dar visibilidade a uma das principais marcas do município e da identidade dos moradores. O instrumento é um dos principais símbolos da cultura sertaneja, tendo o Rei do Baião (Luis Gonzaga) e o mestre Dominguinhos alguns de seus grandes expoentes.
Sandrinho é natural da Bahia, mas foi em Dom Inocêncio, no Piauí, que aprendeu seus primeiros acordes na sanfona, incentivado pelo pai, Salvador Nunes, que tinha uma banda com os irmãos. O pai, inclusive, chegou a ser taxado de louco pelos moradores da cidade quando resolveu vender sua própria casa e o seu veículo para comprar uma sanfona e realizar o sonho do filho. Aos 25 anos, é tri-campeão no Concurso de Sanfona de Petrolina (PE), participou de festivais em vários estados do país e fechou parcerias com cantores nacionalmente famosos como Zezé di Camargo e Luciano, Waldonys, Dorgival Dantas. Atualmente, a família vive da música.
Sandrinho explica como funciona a associação e dos resultados que ela tem proporcionado na inclusão social de crianças e adolescentes: “As crianças tocam sanfona, zabumba, triângulo, flauta doce, violão, tudo de graça, não recebemos nada, todo o trabalho é voluntário. A sanfona é muito cara, não teria como eles terem. Então nós conseguimos os instrumentos por meio de doações, como no Programa do Luciano Hulk e damos as aulas voluntariamente. Temos vários alunos que já tocam em bandas e vivem da música, alunos premiados em festivais. Isso é gratificante”, destaca.