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Falta de insumos no país põe risco na safra 2022; no PI previsão se mantêm

A produção agrícola do país de 2022 tem tudo pra ser a maior de todos os tempos. Em seu primeiro levantamento da safra de grãos do ano que vem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou um crescimento de 14,2% da colheita nacional, ou seja, um acréscimo de quase 35,9 milhões de toneladas em relação ao volume obtido no ciclo deste ano, que fechou com uma produção total de 252,7 milhões de toneladas. E o Piauí não fica atrás. A previsão é que os produtores no Estado colham uma safra 10,7% maior, com mais de 3 milhões de toneladas só de soja.

É justamente agora que as áreas estão sendo preparadas e os plantios das culturas de primeira safra estão em fase inicial. No Brasil, é possível cultivar três safras agrícolas, sendo que as culturas de segunda e terceira safras são cultivadas na mesma área em sucessão à colheita das culturas de primeira safra, sobretudo da soja. No entanto, como tudo ainda está no início, a previsão dessa nova safra recorde depende de vários fatores para que se concretize, entre eles a temperatura, a umidade e, principalmente, a chegada de insumos.

E esse atraso dos insumos ou, até mesmo, a falta deles pode provocar quedas nas estimativas da Conab para a colheita de 2022.  Os defensivos químicos, é outra preocupação do agricultor neste início de safra. Diante dessa ameaça real, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) demonstra cautela com esses números. A entidade vem recebendo nos últimos meses informações de sojicultores sobre atrasos na entrega e de cancelamento de contratos e de pedidos de compra de fertilizantes e defensivos.

“Na prática, a falta destes produtos pode comprometer a produção rural brasileira, que é o principal alicerce da economia do país na atualidade. Isso porque a não aplicação de insumos no momento correto do plantio de soja e de milho reduzirá o volume e a qualidade da safra de grãos produzidos no país”, explicou Antônio Galvão, presidente da Aprosoja Brasil, acrescentando que a principal preocupação é com os defensivos. “Ele é o remédio da planta, e não o tendo pode-se perder uma safra inteira por praga, pro exemplo”.

Sem fertilizantes e defensivos, as lavouras perdem produtividade, que é vital para a garantia da renda dos produtores e da sustentabilidade social e ambiental, pois representa produzir mais alimentos com menor utilização de recursos e de área de plantio. “Se o desabastecimento de insumos vier a se confirmar, a cadeia produtiva terá imensos prejuízos financeiros. Os consumidores, sobretudo os economicamente vulneráveis, serão atingidos diretamente pelo aumento da inflação nos alimentos”, concluiu Galvão.


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Riscos de falta de insumos e defensivos

Para deixar a situação ainda mais crítica, o atraso na aplicação destes insumos nas lavouras de soja, por exemplo, pode reduzir o período adequado para o cultivo do milho da safra verão e, consequentemente, resultar em desabastecimento do cereal e encarecimento dos preços do milho, carnes, ovos, leites e derivados. Aqui no Piauí, os riscos de falta de insumos e defensivos existem, porém, em menor escala. De acordo com as estimativas da Aprosoja Piauí, os efeito podem vir mais para a safra 2022/2023.

“No momento, o mundo todo está passando por esse problema de falta de insumos e ao mesmo tempo a demanda por mais alimentos aumentou, principalmente por causa da pandemia da Covid-19. Mas, ainda para essa safra de 2022, os produtores piauienses já se planejaram com antecedência, antecipando as compras, que em muitos casos já estão chegando. Tivemos até o momento cancelamentos pontuais. Entretanto, a preocupação maior é para o ciclo 2022/2023 caso os valores dos produtos se mantenham”, detalhou Rafael Maschio, diretor executivo Aprosoja Piauí.

Ele destaca, ainda, que a estimativa é que o Piauí consiga, de fato, uma nova safra recorde, sendo puxada pelo milho, que deverá, novamente, ultrapassar as duas milhões de toneladas colhidas, e a soja, que pela primeira vez na história terá uma safra superior a três toneladas de grãos. “Acreditamos que vamos manter essas previsões, tendo soja plantada em quase 900 hectares de áres, e colhendo acima de três milhões de grãos, uma alta de 12%, maior percentual de crescimento do país, completou.

Produtores tiveram que se antecipar na compra de produtos

Para isso, a entidade solicita também às empresas que cumpram os contratos firmados e pedidos retirados e, assim, evitem que os tratos culturais, e em especial o controle de ervas daninhas, fiquem comprometidos. Tais cumprimentos não diferem em nada da postura que tem sido exigida dos produtores rurais diante dos contratos com as empresas que os financiam e compram sua produção.

É o que fez o produtor Paulo Dalton. Em suas terras, no extremo sul do Piauí, o plantio já começou faz um tempinho, aproveitando as chuvas deste mês de outubro na região dos Cerrados. Segundo ele, sua produção ocorre sempre dentro da média anual, que é de 60 sacas de grãos por hectare plantado, e por isso já se preparou quanto a compra de insumos e defensivos. “Tivemos que fazer, apenas, algumas recompras nos defensivos, mas, nada que assustasse ou preocupasse o plantio”, pontuou.

E não há dúvidas de que este cenário de incertezas nos permite cravar uma certeza: que o atraso para a entrega de fertilizantes e defensivos indubitavelmente reacenderá a discussão sobre a necessidade de revisão de contratos entre produtores e os demais atores da cadeia de forma que o risco da operação seja mais bem compartilhado entre as partes. Com isso, os produtores tiveram que se antecipar e comprar todos os produtos com antecedência, tendo em vista o aumento dos preços.

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