Escola de samba carioca homenageia a piauiense que foi considerada a primeira advogada do Piauí: Esperança Garcia – Portal Ponto X

Escola de samba carioca homenageia a piauiense que foi considerada a primeira advogada do Piauí: Esperança Garcia

A história de heróis esquecidos  deram o tom do desfile da Estação Primeira de Mangueira, escola de samba  vencedora do Estandarte de Ouro de 2019. A Mangueira chega como uma das protagonistas à apuração das notas do carnaval carioca, na tarde desta quarta-feira ( 06/03). Quatorze escolas de samba compõem o Grupo Especial e estão na disputa pelo título.  A abertura dos envelopes está prevista para começar às 16:30h.

Esperança Garcia era escravizada confiscada aos padres jesuítas, que, com a expulsão destes pelo Marquês de Pombal, passaram-na à administração do governo do Piauí. Esperança Garcia foi levada à força da Fazenda Algodões, perto de Floriano, para uma fazenda em Nazaré do Piauí. Em 6 de setembro de 1770, a escravizada dirigiu uma petição ao Presidente da Província de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus-tratos físicos de que era vítima, ela e seu filho, por parte do feitor da Fazenda Algodões.
Dentre as diversas leituras concebíveis da referida petição, é possível constatar, em fins do século XVIII, a existência de mulher negra escravizada alfabetizada e ciente de sua possibilidade de reivindicar o direito a um tratamento mais humanizado. Cabe salientar, nesse período, que quem fosse flagrado ensinando escravizado a ler era preso e/ou processado.

A atitude de Esperança Garcia não era uma prática. A habilidade dela em perceber a viabilidade de conciliar seu letramento com recurso de reivindicação evidencia sua capacidade de análise de conjuntura e habilidade política ao expor, na petição, a necessidade de realizar alguns sacramentos relacionados à religião católica – hegemônica naquele momento histórico –, assim como a crença na possibilidade de ver sua solicitação considerada pelas autoridades.

Para além de elementos diretamente relacionados à vida de Esperança Garcia, a petição permite a possibilidade de algumas leituras sobre o contexto histórico, cultural e social de São José do Piauí, tais como algumas práticas diretamente relacionas aos escravizados, como a revelação dos sofrimentos a que estes estavam sujeitos e a separação de entes familiares quando da venda destes.

É importante lembrar que, tendo em vista a importância dada à petição de Esperança Garcia, por força da Lei nº 5.046, de 7 de janeiro de 1999, ficou instituído o dia 6 de setembro, data da petição, como sendo o “Dia Estadual da Consciência Negra” no Piauí.

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Por Elizabeth Zanon

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