O Piauí segue como o maior produtor de pó de carnaúba do Brasil, responsável por mais da metade da produção nacional em 2024. Segundo dados da Pesquisa da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), divulgados nesta quinta-feira (25) pelo IBGE, o estado produziu 8,04 mil toneladas no ano passado, o que representa 53,5% do total do país. Apesar da liderança, o setor vem enfrentando queda contínua: em relação a 2023, a retração foi de 7,4%, e no acumulado dos últimos dez anos a redução já alcança 35,3%.
De acordo com Pedro Andrade, chefe da Seção de Pesquisas Agropecuárias do IBGE no Piauí, fatores como a diminuição da demanda, a falta de mão de obra especializada e os custos mais elevados de contratação têm impactado diretamente a atividade.
“Nos últimos 10 anos, a queda no extrativismo do pó de carnaúba no Piauí se deve a alguns fatores, onde destacamos: o fato da própria queda na produção fez com que a demanda pelo produto no mercado também diminuísse e se estabilizasse no patamar atual”, explicou.
Embora a quantidade produzida tenha diminuído, o valor da produção no Piauí alcançou R$ 122,3 milhões em 2024, aumento nominal de 2,7% em relação ao ano anterior. No entanto, o resultado é inferior ao registrado entre 2019 e 2022, mostrando perda de participação na economia estadual.
No ranking municipal, Piracuruca lidera no estado com 394 toneladas, aparecendo em quarto lugar no país. Outros municípios piauienses em destaque são São José do Divino (382 toneladas), Campo Maior (325 toneladas), Floriano (307 toneladas), São Miguel do Tapuio (296 toneladas) e Nossa Senhora de Nazaré (295 toneladas).
Produção de carvão vegetal em queda acentuada
A produção de carvão vegetal proveniente do extrativismo caiu 73% no Piauí nos últimos dez anos. Em 2015, eram 154,8 mil toneladas, número que recuou para 41,7 mil em 2024. A redução está ligada à substituição pelo gás de cozinha e à intensificação da fiscalização ambiental.
Concentração da produção extrativista
O extrativismo vegetal piauiense somou R$ 223,5 milhões em 2024, e três produtos concentraram 93% desse valor: pó de carnaúba (R$ 122,3 milhões), carvão vegetal (R$ 48,9 milhões) e lenha (R$ 36,2 milhões)