Uma das pacientes (foto), Diana Heloisa Pereira do Couto, de 5 anos, moradora de Avelino Lopes, no Piauí, se mudou para São Paulo há três anos. “Ela tem um problema chamado xeroderma pigmentoso que desencadeia tumores na pele. Não pode tomar sol, tem que usar proteção solar, várias vezes por dia, com o fator 90, além de roupa com FPS, chapéu, óculos, mesmo dentro de locais fechados, se forem iluminados. Toda proteção para ela é pouca. O que desencadeia tumores. No caso dela, eles saem praticamente na cabeça, tanto que ela já fez cinco cirurgias. Na última, realizada em fevereiro, foi diagnosticado um melanoma, que é um câncer de pele com possibilidade de se alastrar para os ossos. Hoje, faz sessões de quimioterapia no ITACI”, conta a mãe Elzeny Pereira dos Santos.
“O lançamento do livro no hospital pode trazer benefícios para o tratamento dos pacientes, pois há uma mudança na rotina hospitalar, principalmente aqueles que estão em internações longas, já que não são só as intercorrências agudas da própria doença que acometem as crianças, mas em longo prazo, elas podem ter desmotivação, depressão, medo da recaída e problema de autoestima”, revela Vicente Odone, oncopediatra e diretor clínico do ITACI - INSTITUTO DE TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL.
Grande Montanha de Pequenos Poemas é um livro-brinquedo interativo que traz em cada poema um pequeno enigma ilustrado, com desafios cuidadosamente preparados para despertar sensações na mente e no coração das crianças de todas as idades.
Nicole Kouts, ilustradora e idealizadora do conceito gráfico monocromático do livro, explica o motivo da obra ser toda em preto e branco. “Queremos dar espaço às cores na mente das crianças. E preparei todas as ilustrações com a simplicidade (e a complexidade!) de um traço, por vezes um delicado grafismo, outras uma potente palavra manuscrita, estimulando as crianças a darem continuidade e desenharem e escreverem no livro também, fazendo parte da história”, conta. Para Marina Pechlivanis tudo isso ajuda na criatividade. “Estimular o lado imaginativo é muito positivo e ajuda a sonhar”.
A proposta da dupla é trazer poesia para crianças de todas as idades, em forma de texto e em forma de arte. “Somos mãe e filha fascinadas por palavras, imagens, histórias e memórias. E por montanhas. Acreditamos que as montanhas, de todos os tamanhos, escondem segredos. Uma cidade perdida, que ficou esquecida. A cratera de um vulcão extinto, com um lago misterioso. Muitos picos gelados de neve, que ninguém alcança. Um mosteiro no silêncio onde toca um sino. O eco, que multiplica a voz do vento. Uma cachoeira com suas brumas místicas. Medo, encanto, assombro e sonho. Alegria, surpresa, poesia. Tudo isso estava guardado nos nossos olhos... Mas que graça tem colecionar isso tudo só para nós? Foi por isso que tomamos uma decisão: compartilhar a nossa grande montanha de pequenos poemas”, explicam.
“Cresci com Ou Isto ou Aquilo, de Cecília Meirelles. E com João Cabral de Mello Neto, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Paulo Leminski, Olavo Bilac, Vinicius de Moraes, Guilherme de Almeida, entre tantos mestres. Sonhava com a poesia, imaginava as situações, pensava nas palavras, brincava com as métricas, memorizava os poemas, criava as minhas adaptações… A poesia foi e é um brinquedo mágico e transformador para meu coração, minha mente e minha alma”, diz Marina Pechlivanis, que conclui. “Nossa missão com Grande Montanha de Pequenos Poemas é levar esta possibilidade para as crianças de hoje, em especial para as que precisam de poesia e alegria para viver melhor e sonhar mais”.
Sobre o ITACI - Instituto de Tratamento do Câncer Infantil.
Construído a partir de uma parceria entre a Fundação Criança e a Fundação Oncocentro de São Paulo, o Instituto ITACI é um hospital público que iniciou suas atividades em 2002 e oferece tratamento a crianças e adolescentes, portadores de câncer e outras doenças hematológicas ou raras, de 0 a 18 anos. Referência na área de oncologia pediátrica no Brasil, realizou em seu ambulatório, em 2021, mais de 27 mil consultas médicas, 6.811 sessões de quimioterapia e 52 transplantes, entre eles, autólogo, alogênico aparentado e alogênico não aparentado.
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