Da necessidade de criação da Universidade Federal do Vale do Gurgueia (UFVG)

Um chamado a um novo ciclo de desenvolvimento, socioeconômico e educacional, no sul do Piauí

Sinto firme em dizer que a criação da Universidade Federal do Vale do Gurgueia (UFVG) é não apenas uma necessidade, mas uma ação urgente que o Piauí precisa abraçar. E falo isso com base em dados recentes, que ilustram com clareza as desigualdades regionais, o potencial acadêmico e o peso transformador que uma universidade traz à sociedade.

Do atual patamar de educação superior no Piauí

Segundo o IBGE, em 2024 cerca de 15% da população piauiense com 25 anos ou mais possui ensino superior completo — um avanço em relação aos 10,7% registrados em 2016, mas ainda aquém da média nacional, de 20,5%. Esse salto, de 206 mil para 323 mil pessoas com diploma, reflete um crescimento de 57% em menos de uma década.

No entanto, a desigualdade persiste: apenas 12,9% das pessoas pretas e pardas atingem nível superior, enquanto entre as pessoas brancas o índice chega a 25,1%.

Além disso, nosso estado lidera em matrículas na educação técnica: 43,77% dos alunos da rede estadual estão em cursos técnicos/profissionais, e mais da metade (52,4%) dos estudantes do ensino médio está em tempo integral — números que indicam forte demanda por ensino superior na sequência dessa formação.

O Enem 2025 já contabilizou mais de 132 mil inscritos no Piauí, e no Sisu 2025 todas as

10.325 vagas ofertadas em instituições locais foram preenchidas. O recado é claro: há procura, há vocação e há urgência por mais oportunidades.

Do exemplo da UFDPar: intervenção transformadora

Quando avalio a trajetória da recém-criada Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), percebo o impacto real de uma instituição federal em regiões antes desassistidas.

 E mais: com a UFDPar veio também o Hospital Universitário (HU-UFDPar), fundamental para o atendimento médico regional, a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas aplicadas em medicina e biotecnologia.

Esse modelo evidencia que a universidade não é apenas um espaço de ensino: é também vetor de saúde pública, assistência social e desenvolvimento humano.

Da posição estratégica e urgente da UFVG

 Descentralização geográfica e social.

Criar a UFVG significa ocupar território com educação superior pública de qualidade, reduzindo distâncias que hoje inviabilizam o acesso para muitos jovens do sul do Piauí.

Uma universidade no Vale do Gurgueia ampliaria as chances de acesso para grupos historicamente excluídos do ensino superior — fortalecendo políticas de reparação social.

Assim como na UFDPar, a criação da UFVG deve vir acompanhada de um Hospital Universitário. O HU no Vale do Gurgueia seria estratégico para atender uma região extensa e carente de infraestrutura hospitalar, garantindo:

A UFVG, junto com um HU, criaria empregos diretos e indiretos, atrairia investimentos, qualificaria profissionais e ampliaria a presença do Estado na região.

Em um cenário onde cinco instituições privadas concentram 27% de todas as matrículas nacionais, a UFVG seria um contrapeso fundamental: educação pública, gratuita e de qualidade para quem mais precisa.

Conclusão: um chamado a um novo ciclo de desenvolvimento, socioeconômico e educacional, no sul do Piauí

Como editor e cidadão piauienses, defendemos com convicção a criação da UFVG. E reforço: não basta uma universidade, precisamos também de um Hospital Universitário. Essa dupla estrutura é o que garantirá a presença do Estado em sua forma mais concreta — educação e saúde — no sul do Piauí.

 Cada dia sem a UFVG e seu hospital é um dia de atraso social e de oportunidades perdidas, em especial nas importantes esferas da educação e saúde. A hora é agora!